17 de setembro de 2010

O (delicado) jogo de batidores

Um evento é muito mais do que se vê “a olho nu”, isso todos sabemos... Mas um Mundial é muito mais do que a organização do evento durante os dias de competição e alguns dias antes e depois para e estrutura do evento.
Um mundial possui cifras difíceis de controlar a risca, a história prova que o melhor é evitar falhas antes de o evento começar, pois remediar é quase impossível. Começando pela classe política, que é quem realmente decide para onde vai a verba. (Agora decidiram construir outro estádio, porque o presidente torce por um time que, até então, não tinha estádio... Vergonha!)
O próximo presidente é quem vai arcar com essa dívida, o BNDES é quem vai bancar a obra. Entretanto, vamos olhar além dos estádios, porque a mídia só fala disso. Existem outros problemas, um deles é o sistema aeroportuário.
O caos começará por aí. Já faz quase 4 anos que se sabia que o Brasil iria ser anfitrião (era o único candidato) e até agora não mudou muita coisa. E a senhora Dilma Rousseff disse - na revista Veja, 11/08/2010 - que 8 anos, 4 mais, não são suficientes. Vejamos, em 2009, 128 milhões de passageiros passaram pelos aeroportos brasileiros. Em 2016, as projeções apontam 202 milhões, fora os que virão de outros estados para ver a Olimpíada. A Índia em 3 anos construiu um terminal de passageiros que tem 511.000 m² (quase o triplo de todo o aeroporto de Guarulhos), repito: só 1 terminal em 3 anos! Um economista do banco JP Morgan Chase resumiu a necessidade de outro terminal da seguinte forma: Ninguém quem que os investidores fiquem duas horas na fila da imigração.
Investidores, a palavra-chave é essa! Um segmento que cresce forte no Brasil é a construção civil e boa parte desse capital é estrangeiro. Os executivos das construtoras calculam que só a Copa-2014, Rio-2016 e o Pré-Sal vão exigir investimentos de US$ 339 bilhões, além dos R$ 33 bilhões do trem-bala Rio-São Paulo. Por falar em Rio-2016, o jornal O Globo anunciou que 15 empresas já tem previsto investir mais de 620 milhões de euros na cidade, principalmente no setor imobiliário e hoteleiro. Alexandre Techima - gerente de projetos do Rio-2016 - explicou ao jornal El País, 16/05/2010, que o orçamento público alcançaria as cifras de US$14,4 bilhões. Fica então comprovado que quem vai realmente bancar o evento é a iniciativa privada, aqueles que não querem ficar esperando horas nos aeroportos... O diário espanhol termina a reportagem com uma pergunta incrédula: Conseguirá o Rio terminar os deveres a tempo para sediar os jogos. Depois do recente sequestro em um hotel carioca, essa pergunta está quase respondida.
Mas acho que “a tempo” talvez não, afinal em 8 anos não se pode fazer tudo. Imagine nos 2149 dias que faltam para o Rio-2016. Me preocupa ainda mais os 16 dias que nos separam das eleições... Só de pensar em continuar assim, dá um calafrio...
Timótheo Batista