21 de setembro de 2010

Fazendo as contas...

Como nas empresas, tem que se esperar o fim do ano contábil para fazer a demonstração de lucros ou prejuízos. Agora com o fim do período de transferências dá para analisar alguns clubes, se fizeram bons negócios ou se o dinheiro foi pelo ralo.
Começamos com o Valência, que no primeiro semestre tentou emitir um projeto para cotizar em bolsa na tentativa de arrecadar fundos e saldar dívidas e transferências. Porém tinha como "mantra" que quem investisse no Valência CF não estaria esperando lucros, mas estaria fazendo pelo sentimento. Lógico que a Comissão Nacional de Mercados e Valores - CNMV - não aceitou a idéia e não permitiu ao clube "ché" vender suas ações. A CNMV regula o mercado e protege o investidor, o Valência tem uma dívida que alcança os € 460 milhões (mi).
A prioridade do clube é pagar um empréstimo - de € 75 mi - que obteve do Bancaja ano passado. O Valência disse que vai seguir tentando lançar 500.000 ações a € 46 cada. Ainda é preciso contabilizar as transferências de David Villa (Barcelona), David Silva (Manchester City), Zigic (Birminghan City) e Alexis (Sevilla), além das chegadas de Soldado, Tino Costa, Topal e Aduriz.
Fazendo aqui as contas, a emissão de ações rentabilizaria € 23 mi, mais as transferências de David Villa (€ 40 mi), Zigic (€ 7 mi) e Alexis (€ 5 mi) , totalizam os € 75 mi do empréstimo do Bancaja. E a venda de D. Silva (€ 35 mi) compensa os reforços do clube. "Enhorabuena" a diretoria do Valencia por conseguir levar tão a risca os ingressos e saídas do clube.
Enquanto isso, o Barcelona está tentando tapar os buracos deixados pela gestão de Joan Laporta. Que só para exemplificar o "estranho que foi sua gestão" citamos Ibrahimovic, comprado pela Inter de Milão a Juventus por € 25 mi, Laporta paga € 70 mi (€ 49,5 mi e Eto'o) à Inter pelo atacante, que acaba de ser vendido por € 24 mi ao Milan. Alguma coisa aí está mal...
O atual presidente azulgrana, Sandro Rosell, anunciou que o time faturou € 444,5 mi em 2009-2010, mas o lucro foi de apenas € 9 mi. Rosell logo que assumiu teve que solicitar um empréstimo de € 150 mi só para pagar a folha de salários. Em seguida, afirmou ter um plano de € 70 mi para compras de jogadores, ao total gastou € 72 mi - D. Villa, Adriano (Sevilla, € 10 mi) e Mascherano (Liverpool, € 22 mi).
Mas Rosell não começou o mandato com prejuízo, dispensou "grátis" a Henry e Rafa Márquez ao New York Red Bull, o francês tinha um salário anual de € 12 mi - que serão economizados - e vendeu a Ibra, ainda que com um aparente prejuízo, Rosell sabe que o salário anual do sueco é de € 15 mi, no final a transferência de Ibra significa uma economia de quase 60 milhões de euros...
Ainda tem o caso de Chyngrynski que foi vendido por € 15 mi, quando Laporta comprou por € 25 mi, o zagueiro russo também tinha um salário bem elevado. Vale mencionar que os valores da transferência de Touré Yaya ao Manchester City não foram publicados.
Dá para ver que a lei no Barcelona agora é economizar e controlar o orçamento, mesmo sendo um gigante do futebol mundial é preciso ter limites. Que o diga Rosell, que acaba de criar um código de ética para os presidentes azulgranas, visando evitar o descontrole do "Laportismo".
Resta saber se vai funcionar. Porque isso de "político criar lei para limitar os próprios poderes" não parece dar muito certo...

Timótheo Batista