25 de agosto de 2008

Balanço Final de Pequim 2008

Essas últimas madrugadas pareciam prometer algo de muito bom para o Brasil. Na minha opinião, vieram muitas coisas boas, não necessariamente o OURO olímpico, mas... Vamos ao balanço final.
O Hipismo deixou saudades do tempo que realmente brigava por medalhas. Já começamos mal, Doda teve problemas com seu animal e nem chegou a competir. No desempate pelo bronze, Rodrigo Pessoa, que defendia o título ficou em quinto, bem longe do bi-olímpico e até do bronze. Ainda, Bernardo Alves teve problemas com a medicação de seu animal, que foi considerada proibida e o tirou da final individual e alguns pontos da equipe brasileira. O lado bom é que surge uma promessa, uma renovação no hipismo nacional Camila Mazza termina em décimo, bem longe de medalhas, mas em sua primeira olimpíada demonstrou muita qualidade.
A ginástica também fez falta com suas possíveis medalhas. Não há muito o que comentar, todos viram o drama de Diego Hypólito, uma queda que derrubou os sonho brasileiro de medalhas. As meninas ficaram longe das disputas pelas primeiras colocações também. Mas sempre precisamos aprender com os erros, a ginástica brasileira dependia basicamente de Jade Barbosa e Diego Hypólito. A primeira já demonstrou o descontrole emocional em diversas situações, parafraseando Felipe Coelho, o psicológico dela precisa ser melhor tratado. Diego caiu... mas foi o mesmo detalhe que tirou a medalha de Daiane dos Santos na última olimpíada, batemos na trave pela segunda vez. Se tentarmos ser otimistas, veremos que nunca estivemos tão perto das medalhas, voltamos sem nenhuma, mas as vezes precisamos dar um passo atrás para dar dois para a frente. Daniele Hypólito comemorou, ainda que não muito entusiasmada, a final por equipes conquistada pela seleção brasileira, o oitavo lugar não é o último da final e sim a primeira vez que a ginástica brasileira esteve entra as grandes potências do esporte.
A Vela brasileira mais uma vez mostra sua força. Não foram dois ouros como em Atenas, mas Robert Scheidt e Bruno Prada com apenas três anos de treinamento arrancaram uma prata na última regata. Sem esquecermos da dupla feminina, que simplesmente encantou e surpreendeu o país, antes de Pequim ninguém, ou alguns poucos, sabiam quem eram Fernanda Oliveira e Isabel Swan, essas mulheres colocaram a vela feminina brasileira no mapa. Primeira medalha do esporte! Scheidt é o verdadeiro medalhão brasileiro, mudou de classe mas ainda sim garimpou um grande resultado, colocando este esporte como o maior conquistador de medalhas do Brasil.
O Judô para muitos deixou a desejar, também fiquei com essa sensação. Não desmerecendo o que foi conquistado: A primeira medalha conquistada por uma brasileira em esportes individuais, o bronze de Ketleyn Quadros; O "bi-bronze" de Leandro Guilheiro, comprovando que este atleta está entre os grandes do esporte; O segundo bronze de Tiago Camilo e o terceiro bronze consecutivo desta categoria, Tiago - 2000, Flávio Canto - 2004, Tiago - 2008. O Brasil prova que tem um bom trabalho de base, criando grandes atletas. Mas realmente ver João Derly perder como perdeu e ainda se envolvendo em um escândalo, foi desanimador. Um bicampeão mundial deve fazer mais do que aquilo. João Gabriel Schlittler e Mayra Silva não foram longe, outros atletas também não, mas estes dois em especial, tiveram suas estréias em olimpíadas e deixaram uma esperança de medalha para 2012. O judô tem estrutura e competência para buscar ainda melhores resultados.
O Taekwondo brasileiro tem em seus atletas verdadeiros guerreiros. O esporte não recebe praticamente nenhum apoio, dos olímpicos figura entre os que recebem menor apoio e suporte financeiro. Mas Natalia Falavigna ainda encontrou forças para superar seu 4º lugar em Atenas e conquistar um bronze em Pequim, se continuar nessa progressão teremos uma prata em 2012.
O Vôlei já foi comentado antes, mas as medalhas de OURO do feminino e a prata do masculino foram recentes. As meninas lavaram a alma, já o "Zé" Roberto consagrou-se como um treinador bicampeão olímpico. Parabéns às duas equipes, finais são decididas em detalhes, ainda mais as olímpicas... Creio que favoritismo só existe antes de entrar em quadra, é um fantasma criado pela mídia e pelo treinador adversário que quer criar uma barreira psicológica, jogando todo o favoritismo (leia-se pressão e obrigação da vitória) sobre a outra equipe. O treinador da equipe americana anunciou que passou quatro anos estudando a seleção brasileira, não perdemos para um time de várzea, respeitemos os vencedores e principalmente nossos atletas de prata. Márcio e Fábio fizeram o que puderam, já venceram aquela dupla em mundiais, agora perderam em olimpíadas, normal, isso se chama rivalidade. Ricardo e Emanuel provaram que estão sim entre os melhores, dois pódios olímpicos, um ouro (2004) e um bronze (2008) isso é raro!
O Futebol trouxe para casa duas medalhas, coisa que a tempos não acontecia... O masculino trouxe um bronze, com sabor de derrota, mas que fique a lição de que olimpíada não um torneio de verão, pré-temporada ou algo assim, merece respeito, treinamento e dedicação. O feminino conquistou mais uma prata. Sabor de derrota...nem tanto... Só precisamos lembrar que a seleção que vencemos no Pan do Rio era uma seleção de atletas estreantes, a seleção universitária norte-americana veio jogar o Pan, as atletas que foram as olimpíadas também são universitárias mas com a bagagem de competições internacionais bem mais carimbada. Não quero encontrar justificativa para a derrota, só basta rever a entrevista da Marta, "não sei o que acontece com o Brasil que não sabe jogar uma final", as outras atletas apenas choravam... Uma goleira que passou dificuldade no Sport Club Recife, chega a seleção, toma o primeiro gol na semi-final diante da Alemanha atual campeã do mundo, merece mais respeito do quem o "apelido" de amarelonas. São atletas que lutam contra a desorganização do esporte, poucas vezes jogam juntas, precisam sair do país para continuarem evoluindo... Conquistam uma prata e são tratadas assim...
A Natação vive uma nova era, César Cielo reescreve a história da natação brasileira, um atleta que desde sua base teve orientação e preparação para ser um grande vencedor, para quem não sabe Fernando Scherer "Xuxa" é o manager do Cesão. Um bronze e um OURO com direito a recorde mundial e olímpico, parece clichê, mas César Cielo Filho escreveu seu nome na história. O primeiro ouro do Brasil em Pequim, o primeiro ouro da natação brasileira, o Brasil volta a figurar entre os pretendentes ao topo da natação. Mas outros esportes aquáticos merecem um pouco mais de atenção, os saltos ornamentais, o nado sincronizado, o pólo aquático e as provas de longa distância, tiveram apresentações apagadas em Pequim, esses esportes também conquistam medalhas, se o Brasil não quer...outros querem...
Por fim, o OURO de Maurren Maggi (ou Maurren Mággica, como disse um jornal paulistano). O primeiro ouro feminino do atletismo brasileiro, a primeira brasileira a conquistar um ouro individual. Maurren Maggi superou a suspensão por doping, deu a volta por cima e simplesmente surpreendeu os brasileiros que ficaram acordados de madrugada, torcendo, mas achando que era difícil... E ela que disse antes da final, "eu tenho condições de saltar mais de 7 metros na final!" Foi lá e fez... Veni vidi vici...
Aos demais esportes e atletas que não conquistaram medalhas e não foram citados aqui, quero agradecer pelos esforços realizados. Chegar a uma olimpíada é para poucos, lutar contra si mesmo, contra tudo e todos já foi o primeiro vencido. PARABÉNS ATLETAS BRASILEIROS!!!
Há quem lembre daquele nadador da Guiné Equatorial, Eric Moussambani, como um louco, que não sabia nadar e se meteu em uma olimpíada... Há quem lembre de Gabrielle Andersen, aquela corredora que chegou quase caindo em Los Angeles 1984, como uma irresponsável consigo mesma... Isso são demonstrações do que é uma olimpíada... Mas se você não entende isso... Paciência...

Timótheo Morais